Category Archives: microblogging

Enquanto isso, nos Trending Topics…

Dia 26 de novembro, por volta das 14h

Dia 29 de novembro, por volta das 14h

Por um momento cheguei a achar que o pessoal do Rio não estava nem aí para os recentes acontecimentos que se desenvolvem por lá. Mas aparentemente o problema é que os TTs Rio de Janeiro permanecem congelados da mesma forma há dias (mais precisamente, desde 22 de novembro, Dia do Músico). Alguém sabe o motivo?

Direito de resposta no Twitter

Alguns dias antes das eleições, o TSE concedeu um direito de resposta inédito – não tanto pelo conteúdo (estava relacionado a questões eleitorais), mas sim pelo meio através do qual incidia. Rui Falcão, coordenador de comunicação da campanha da então candidata Dilma Rousseff teve de postar uma mensagem informando que o TSE considerou ofensiva as mensagens por ele divulgadas em 19 de outubro sobre a campanha de José Serra. Mais do que um direito de resposta concedido, o inédito da situação é que a decisão se referia a algo publicado no Twitter. E a resposta, também, deveria ser veiculada no Twitter.

O direito de resposta é um instituto jurídico previsto na legislação eleitoral. Incide em casos de violação a direitos emitidos por meios de comunicação diversos. As regras relativas ao direito de resposta na Internet foram estabelecidas pela Lei n. 12.034 de 2009. O artigo 57-D estabelece:

“É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores – internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do § 3o do art. 58 e do 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica.”

Rui Falcão teria tuitado, em 19 de outubro, dois tuítes para seus então 2.113 seguidores, “Cuidado com os telefonemas da turma do Serra. No meio das ligações, pode ter gente capturando seu nome para usar criminosamente…”, e “Eles podem clonar seu número, pode ser ligação de dentro dos presídios, trote, ameaça de sequestro e assim por diante. Identifique quem liga!”. Essas mensagens levaram a equipe da campanha de José Serra a entrar com uma representação junto ao TSE perseguindo o direito de resposta.

A decisão proferida pelo relator Henrique Neves na Representação n. 361895 trazia duas sugestões. A primeira seria responder em dois tuítes, a serem veiculados no perfil de Rui Falcão. Os dois tuítes foram escritos pela equipe da campanha de José Serra. A segunda seria publicar essa resposta, por tempo determinado, no espaço destinado à biografia do petista no microblog Twitter. A decisão já foi cumprida por Falcão, que tuitou “Justiça eleitoral puniu Rui Falcão com este direito de resposta por ofensas à campanha de Jose Serra vinculadas em seu twitter…” seguido de “…cabe esclarecer que a comunicação feita pela campanha de Serra agiu com lisura, de forma íntegra, respeitando todo os eleitores!”.

Não entrando no mérito da questão, o interessante do caráter processual do caso é o ineditismo de se ter reconhecido um direito de resposta a algo veiculado no Twitter. Isso traz indícios do papel que o microblog exerceu nas eleições, e de seu potencial enquanto meio de comunicação legítimo – seja ele considerado como de caráter interpessoal, de nicho ou massivo. Tão legítimo e importante que se teve de reconhecer juridicamente o direito de resposta a algo veiculado através dele.

O Twitter é uma rede social?

Com o provocante título “What is Twitter, a Social Network or a News Media?“, um grupo de pesquisadores coreanos apresentou um interessante trabalho sobre o Twitter no WWW2010 em abril deste ano nos EUA. A partir da análise de uma grande quantidade de dados, os autores chegaram à conclusão de que o Twitter seria menos uma rede social e mais um espaço para difusão de informações – algo próximo à uma mídia noticiosa (news media).
Para analisar o potencial do Twitter como um novo meio para compartilhamento de informações, os autores do estudo partiram de uma grande quantidade de dados: 41,7 milhões de perfis, 1,47 bilhões de relações sociais/conexões entre esses perfis, 4.262 trending topics e 106 milhões de tweets. Com isso, eles dizem ter feito o primeiro estudo quantitativo de toda a twittosfera e da difusão de informação que ocorre através dela.
Nas conexões entre os atores, eles encontraram padrões que fogem às características tradicionais das redes sociais, como uma distribuição de número de seguidores que não segue uma lei de potência, um número de graus de separação menor que em outras redes (média de 4,12 graus de separação), e uma baixa reciprocidade nas conexões (segundo os autores, apenas cerca de 22,1% dos contatos seriam recíprocos: seguir alguém e ser seguido de volta). Outro dado interessante é o fato de que 67,6% dos usuários não são seguidos por nenhum de seus seguidos – uma hipótese levantada pelo trabalho é que esses usuários usem o Twitter apenas como fonte de informação.
Como em outro estudo já comentado por aqui, eles também analisaram a influência dos perfis do Twitter, a partir do número de seguidores, do PageRank, e do número de retweets. Com isso, constataram que os usuários mais retwittados não são necessariamente os mesmos que são bastante seguidos.
Outros aspectos analisados foram os assuntos mais freqüentes nos trending topics (e o comportamento desses tópicos ao longo do tempo) e o alcance de um retweet. Com relação ao alcance do retweet, eles observaram que, independente do número de seguidores que possui o usuário que fez o tweet original, uma vez retwittado, esse conteúdo tem o potencial de atingir uma grande quantidade de indivíduos. Outra curiosidade diz respeito ao fato de que metade dos retweets costuma ocorrer logo na primeira hora após a mensagem original ter sido postada.

Alguns comentários – o estudo quantitativo traz vários dados para se pensar o Twitter. O aspecto-chave do trabalho parece ser discutir a natureza do Twitter – seria uma rede social ou um espaço para difusão de informações? Por mais que a ferramenta pareça ser mais apropriada para o compartilhamento de informações, acho que não dá para desprezar também seu caráter de site de rede social. Há perfis, possibilidade de interação entre os perfis, e conexões são estabelecidas entre os atores. Ainda que possa predominar um ou outro uso, o Twitter pode ser visto como um híbrido entre uma ferramenta de informação e uma ferramenta de interação. Ou alguém consegue negar que exista na ferramenta um ou outro tipo de uso?
No Brasil não é muito diferente. No estudo que fiz com a Raquel Recuero no ano passado, vimos que a apropriação do Twitter para informação costuma ser mais frequente que para conversação. Mas nem por isso deixamos de observar aspectos de rede social na ferramenta – mesmo as redes usadas para acesso a informação seriam também “redes que importam”.
Mesmo que se interaja efetivamente com poucos dos seguidores do Twitter, isso talvez não baste para caracterizar o Twitter como uma outra coisa que não uma rede social. Ou acaso alguém que tenha 1.000 amigos no Orkut efetivamente conhece e interage com cada um desses 1.000 amigos?

(Via Nieman Journalism Lab – notem a sutileza de que fiquei sabendo do estudo por um blog, e não através do próprio Twitter :P)

Número de seguidores e influência no Twitter

O número de seguidores pode ser usado para determinar se um usuário é influente no Twitter? Aparentemente sim, mas não é o suficiente.
Um estudo de pesquisadores de diversos países – incluindo um brasileiro – observou que o número de seguidores de um usuário no Twitter é insuficiente para, sozinho, determinar o grau de influência daquele indivíduo na rede. O resultado é baseado em uma análise de mais de 1 bilhão de tweets do mês de agosto de 2009 e traz implicações práticas diversas, como no caso de ações de marketing viral desenvolvidas na ferramenta.
Os autores partem do que foi chamado de “a falácia de um milhão de seguidores”, proposta em um blog por Adi Avnit, segundo a qual alguns usuários seguem outros de volta apenas por etiqueta (como por reciprocidade). Além disso, seria impossível ler todas as mensagens postadas pelos contatos, especialmente quando se segue muita gente. Assim, ter um milhão de seguidores não é o mesmo que ter um milhão de leitores, o que resulta no fato de que ter apenas muitos seguidores não assegura que um usuário do Twitter seja efetivamente influente.
Para os autores, a análise de três medidas de influência trariam uma melhor compreensão dos diferentes papéis que os usuários desempenham numa rede social:
– O número de seguidores representa a popularidade do usuário, ou o tamanho de sua audiência em potencial. Os perfis com maior número de seguidores incluem jornais e celebridades.
– Os retweets representam o valor do conteúdo de um tweet, ou a capacidade desse conteúdo ser passado adianet. Os perfis mais retwittados tendem a ser aqueles que postam links, como agregadores e jornais.
– A quantidade de menções representa o valor do nome desse usuário, ou sua capacidade de se engajar em conversações. De acordo com o estudo, os perfis com maior número de menções seriam os de celebridades.
Após analisar os dados, os autores concluíram que os usuários mais conectados não são necessariamente os mais influentes, ao menos no que se refere a se envolver em conversações ou a ter suas mensagens retwittadas.
Eles também observaram a influência (a partir de retweets e de menções) através de tópicos e no tempo, e constataram que perfis influentes sobre um determinado tópico costumam ser também influentes em vários outros tópicos (como no caso de jornais, que são retwittados durante grandes acontecimentos, mas também recebem retweets normalmente em outras situações), bem como a construção da influência requer esforço por parte do influenciador.
(Para ler o estudo completo, siga o link > Measuring User Influence in Twitter: The Million Follower Fallacy)
O estudo de certa forma demonstra com argumentos quantitativos o que é possível se observar na prática no Twitter. A influência – e também a reputação do indivíduo – pode ser construída a partir dos relacionamentos que ele mantém com outros indivíduos, ou ainda dos valores que podem vir das informações por ele postadas. A quantidade de conexões pode servir para identificar um indivíduo como central para a rede, mas isso talvez não signifique na prática que as mensagens que essa pessoa posta sejam efetivamente relevantes para os indivíduos (ou, pelo menos, lidas). Lembram de quando a twittess usou um script para inflar seu número de seguidores? Ter vários seguidores pode ser “cool”, mas não saber quem são nem obter qualquer reação deles não teria a mínima graça. 😛

Assunto paralelo: Tentei postar alguns dias atrás, mas meu post foi engolido pelo Monstro do Malware.

Local Trending Topics

O Twitter começou a liberar recentemente mais uma função beta: os trending topics locais, separados por cidades ou países. Por enquanto, já estão disponíveis opções como “Brasil” e “São Paulo”. Fiz um teste agora pouco, logo após a transmissão do Big Brother, e notei que tanto num quanto noutro predominam tópicos relacionados ao programa (o que imagino que não seja surpresa para ninguém).
De qualquer modo, é interessante notar que aos poucos o próprio Twitter vem incorporando mais e mais ferramentas utilizadas convencionalmente pelos usuários (como no caso do retweet, ou das listas), e trazendo para a ferramenta coisas que outros sites já tentavam fazer a partir da API do Twitter (no caso específico dos local trending topics, vide, por exemplo, Trending Topics Brasil e BlaBlaBra).
Chama atenção em especial o potencial hiperlocal da apropriação da ferramenta – muitas vezes, os tópicos que apareciam nos trending topics tendiam a refletir a visão do grupo que ainda constitui a maioria no Twitter, os falantes de inglês. Agora, tem-se uma regionalização, ainda que o ideal fosse poder procurar por tópicos em destaque em determinados lugares em específico, a partir de palavras-chave, ou próximos a onde se está no momento. Para isso, talvez fosse necessário unificar a linguagem na hora de os usuários acrescentarem seus dados geográficos na ferramenta. Há dispositivos propícios para isso – como a opção de habilitar geotagging, nas configurações do perfil. Mas a maioria do pessoal acaba optando aleatoriamente por colocar sua cidade, estado, ou país, de uma forma um tanto caótica, o que de certa forma depois pode vir a dificultar uma busca localizada.
De qualquer modo, mesmo que seja só por curiosidade, vale a pena acompanhar como se comportam os trending topics em diferentes cidades e países para observar semelhanças e diferenças.

Mais Twitter como fonte de informações

Matthew Hurst, do blog Data Mining, diz estar esperando ainda por um estudo definitivo que compare o tempo que uma novidade leva para aparecer no Twitter e em outras mídias sociais (ele fala em tempo de latência). O seguinte caminho é proposto:

1. Pegar alguns dados do Twitter e extrair algumas URLs.
2. Usar a busca do Twitter para encontrar a primeira menção a essas URLs.
3. Usar um sistema de busca de blogs para encontrar a primeira menção na blogosfera.
4. Vice versa.

Antes de mais nada, eis que surge a pergunta: é tão relevante assim saber quem disse primeiro algo, ser o primeiro a dizer alguma coisa… ou o que realmente importa é onde primeiro as pessoas ficaram sabendo das coisas? (Ou, quem sabe, indo mais longe ainda… será que no fundo o que importa mesmo não seria simplesmente ficar sabendo de algo, independentemente de quando?) Nesse caso, importa realmente se um blog ou se um Twitter noticiou primeiro um fato, ou quem sabe seria bem mais interessante fazer o estudo ao contrário, perguntando por que meio as pessoas ficaram sabendo daquilo?
Além do mais, mesmo que os blogs, os jornais, ou seja lá o site ou meio que for, tenha dado a informação antes, se a pessoa viu primeiro no Twitter, por estar permanentemente lá, isso já não bastaria para dar primazia ao Twitter como fonte de informações?
Mas, enfim, tentando seguir os passos propostos por Hurst, primeiro tive dificuldade em entender os trending topics do Twitter – muitas vezes se tratam de palavras soltas, ou siglas. Nesse sentido, o What The Trend ajudou bastante. Como não achei nenhum tópico potencialmente interessante, e também não faria sentido tentar refazer o caminho de informações distantes da nossa realidade, resolvi pegar um exemplo brasileiro.
Tentei seguir o roteiro apresentado por ele, porém esbarrei em questões de ordem prática: nem sempre blogs possuem timestamp em seus posts. Claro, tem o RSS para buscar a hora aproximada da publicação, mas a busca pela hora se torna mais trabalhosa ainda. Também não achei um link recente cuja URL pudesse usar para poder comparar entre blogs e Twitter (as pessoas do Twitter falam muito de coisas sobre o próprio Twitter, presos numa metalinguagem e auto-referenciação ad nauseum que raramente se espalha para outras redes – ok, isso é tema para outro post). Mas para não ficar sem ao menos tentar o experimento, tentei localizar na busca do Twitter e no Google Blog Search a primeira menção à morte do cientista Crodowaldo Pavan. Em ambos os sistemas, busquei apenas pela palavra “Pavan”, em todos os idiomas. No Twitter, a primeira menção parece ser este tweet, cuja hora (via Twitter) é 1:15PM do dia 3 de abril. No Google Blog Search, a primeira menção vem da Agência de Notícias da USP, com 1:50PM como horário de publicação (aliás, não me pergunte por que o Google Blog Search procura também em agências e portais de notícias). No começo da tarde do mesmo dia vários blogs de ciência passaram a comentar o ocorrido, mas em geral todos eles citam a própria USP, ou outros jornais, como fonte. Isso quer dizer que o pessoal do Twitter ficou sabendo antes? Não necessariamente. Quem segue a usuária que fez o tweet, e, dos que seguem, quem estava online na hora da atualização, pode ter ficado sabendo antes. E os demais? Mais comentários no Twitter sobre o caso só foram aparecer por volta das 3 da tarde, quando outros sites passaram a noticiar o ocorrido – foi por volta dessa hora, também, que o link da própria USP apareceu no Twitter.
Não é preciso ir tão longe para saber que o Twitter pode ser mais ágil. O próprio blog do Twitter, no ano passado, já nos mostrou um gráfico com o tempo que o terremoto na California levou para sair no Twitter e em agências de notícias. Ok, o Twitter é mais rápido. Mas será que mais gente ficou sabendo pelo Twitter mesmo, ou minutos depois pelo despacho da AP? E como fica no caso daqueles que eventualmente twittaram depois de ver o despacho da AP?
Aí retomo a pergunta: importa saber quem falou primeiro sobre o caso, ou o que nos interessa reter, seja porque vimos no Twitter, em blogs, em jornais, ficamos sabendo na Internet, no rádio, na TV, pela vizinha, pelo colega, por um parente, enfim, é que determinado fato aconteceu? E, nesse caso, importa mais a informação em si, ou também seria interessante observar como se chegou a essas informações – por que meio, de que modo, em que condições?
Tenho cada vez mais perguntas do que respostas. Dois anos *de mestrado* vai ser pouco tempo para resolver essas inquietações…

Só pra constar: eu fiquei sabendo pelo Plurk…

Twitter e outras ferramentas parecidas

Saiu ontem o relatório do Pew Internet & American Life Project sobre o uso do Twitter e outras ferramentas parecidas nos Estados Unidos, conduzido por Amanda Lenhart e Susannah Fox. O que mais me chamou a atenção, entretanto, não foi o fato de que 11% dos usuários daquele país afirmam usar um serviço tipo o Twitter, ou que seja crescente o uso móvel, que a idade média dos usários seja de 31 anos, ou ainda a forte relação apontada entre uso de blogs e sites de redes sociais com o uso do Twitter, e sim o fato de que eles já tenham deixado de se referir ao Twitter como “microblogging”.
No relatório, o Twitter e as tais outras ferramentas parecidas aparecem como modalidades de “status update”, ou atualização de estado, ou mudança de status, ou “serviços que permitem aos usuários compartilhar atualizações sobre si mesmos e ver as atualizações dos outros“. Isso englobaria qualquer ferramenta que permita acompanhar ações de amigos e coisas do tipo – desde o “status update” do Facebook (no qual, diga-se de passagem, os usuários são convidados a responder à pergunta “What are you doing now?”, praticamente a pergunta padrão do Twitter – “What are you doing?”) até, por exemplo, aquela caixinha que aparece ali no Orkut com as últimas movimentações de seus amigos. Com isso, o Twitter estaria sendo comparado mais a um site de rede social do que propriamente a um blog, o que de certa forma faz sentido. O caráter de “blog” da ferramenta só fica mais evidente quando se acessa o perfil de alguém individualmente (porque aí sim as mensagens são exibidas em ordem cronológica inversa, tal qual um blog). No mais, ao se exibir tudo junto misturado, tem-se algo mais próximo a qualquer outra coisa do que propriamente a um blog.
um texto do Jose Luis Orihuela, de 2007, que se refere aos microblogs como uma mistura de blogs, redes sociais e mensageiros instantâneos. Ainda acho que o caminho seja mais ou menos por aí. E na real não importa tanto como chamamos o fenômeno, e sim como o compreendemos. Parafraseando o argumento de uma professora em uma lista de discussão acerca de uma discussão sobre a grafia de uma determinada palavra, “A rose, by any other name, would smell as sweet” (Shakespeare) [“Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume”.]
Enfim, caso tenha interesse em saber mais sobre o uso do Twitter e ferramentas do tipo nos EUA, não deixe de acessar o relatório do Pew Internet.

Twitter como ferramenta informacional

Uma das coisas que temos percebido na pesquisa sobre o Twitter (feita com a Raquel Recuero) é que o Twitter no Brasil costuma ter uma utilização bem mais voltada para fins de informação. Embora muitos usem a ferramenta para conversar, o uso informacional parece predominar. (E por informação entenda algo lato sensu, de notícias a o que você comeu no jantar; tudo aquilo que você queria mesmo ficar sabendo, mas também aquela avalanche de tweets completamente inúteis que recebe mesmo assim em função de quem e do que escolheu seguir.)
Se quiser saber um pouquinho mais sobre essa tendência, sugiro que dê uma olhada no post da Raquel.

Em tempo: Seria muito legal poder disponibilizar por aqui os resultados completos da pesquisa do Twitter e tudo o mais, mas o mundo acadêmico é feio bobo chato bizarro e nos impede de comentar antes resultados ainda não “publicados”. (Aliás, sobre esse assunto, vale a pena acompanhar a discussão iniciada por Lilia Efimova em seu blog após ela ter começado a discutir no blog os resultados da tese dela antes de publicá-la.)
Então assim que for possível comentaremos mais resultados. 🙂
E ainda estou devendo (a mim mesma?) um post com os resultados da minha monografia.

2009: o ano do jornalismo no Twitter?

foto aviao
Foto postada por Janis Krums no TwitPic
Steve Clayton, em um post recente, discute o Twitter como a nova fronteira para o jornalismo. A discussão parte de uma foto do pouso do avião no Rio Hudson na semana passada, tirada por Janis Krums, que estava próximo ao local, e que foi postada inicialmente no Twitter, através do TwitPic (reproduzida acima). Segundo Clayton, essa fotografia marcaria a entrada do Twitter na mídia mainstream e a emergência da Internet em Tempo Real. Estamos diante, então, de pelo menos duas discussões:
Twitter e mainstream
No texto, ele discute que 2009 seria o ano em que o jornalismo no Twitter finalmente se tornaria mainstream (Clayton se refere ao fato de que o caso da foto do avião no Twitter chegou a ser bastante discutido na mídia tradicional). Não sei se chegaria a tanto – afinal, embora a ferramenta tenha tido um grande crescimento no número de usuários no último ano, ela ainda está um pouquinho longe do mainstream. Mas acho que dá para ao menos prever, com uma certa margem de segurança, que a ferramenta passará cada vez mais a ser usada para cobertura de fatos e eventos, em uma espécie de microjornalismo cidadão em tempo real (e o número de usuários vai continuar aumentando).
Twitter e tempo real
O grande potencial do Twitter está na rapidez da informação: pode-se usar celulares e outros dispositivos móveis para reportar acontecimentos assim que eles acontecem, direto do local do acontecimento. Há ainda inúmeras ferramentas auxiliares que permitem estender o limite de 140 caracteres, se for preciso (TwitBlogs), incluir imagens na atualização (como o próprio TwitPic), dentre outros recursos.
(via Ponto Media)

Mais sobre Twitter e jornalismo
Aqui no Brasil, o Tiago Dória também discutiu a foto do avião. Sobre o tema, ele fez dois comentários: 1. Krums enviou direto para o Twitter (ele não pensou em enviar para um jornal, ou para um site jornalismo participativo; mandou direto para seus contatos), e 2. Embora as primeiras informações tenham sido postadas no Twitter, as informações detalhadas sobre o acontecimento puderam ser acessadas, logo depois, em jornais online. Conclusão de Tiago Dória a respeito disso tudo: os dois tipos de mídia – a “velha” e a nova mídia – tendem a coexistir: “O Twitter reuniu os primeiros relatos e a chamada grande mídia trouxe a informação editada, mais organizada e legível”. Acho que, ao menos por enquanto, o caminho seria por aí: o Twitter é bom para acompanhar os últimos acontecimentos, mas talvez não muito adequado para acompanhar fatos cotidianos ou os sucessivos desdobramentos das notícias.
Aliás, isso nos remete a uma grande (não sei quão grande) limitação do Twitter para o jornalismo (inclusive, já abordei isso por aqui antes): a timelime é ótima para ficar sabendo de algo assim que acontece. Entretanto, por vezes, se torna bastante complicado acompanhar o que foi dito, especialmente algumas horas depois de um determinado acontecimento. Exceto pela busca por palavras-chave, não há, ainda, outro mecanismo para rastrear o caminho da informação. Com uma simples busca por palavra-chave, fica bem complicado separar o joio do trigo, o conteúdo digamos mais, relevante, dos demais comentários do público. Como paliativo, há as hashtags, mas nem todo mundo se lembra de usá-las, fora que também geralmente há várias tags sendo usada para um mesmo acontecimento. Claro que há caminhos para solucionar essa limitação, como partir dos tweets para reconstruir a informação e postá-la em outro lugar. Um exemplo bem interessante foi o que fez Alexandre Gamela com o incidente do avião no Hudson.
Outra saída interessante é buscar acompanhar as informações por uma das inúmeras ferramentas construídas com a API do Twitter: Quer saber o que está sendo discutido no momento? Acompanhe a tag cloud do TwitScoop! Quer saber tudo o que é dito sobre um determinado assunto? Twitter Search ou Twilert podem ser uma saída. Ferramentas para acompanhar acontecimentos é o que não falta. E gente com disposição para postar informações também não.
Outro problema prático é a discussão quanto à credibilidade das informações postadas no Twitter. A BBC já havia discutido esse aspecto por ocasião dos atentados em Mumbai. Clayton menciona em seu post o TweetNews, um mashup Twitter + Yahoo! que busca por notícias e tweets relacionados – uma proposta de saída interessante. No mais, para quem tiver interesse no assunto, recomendo a leitura do artigo da Raquel Recuero no Jornalistas da Web: Informação e Credibilidade no Twitter.

Em síntese, em 2009…
– O Twitter vai continuar a crescer.
– Seu vizinho vai continuar não sabendo que raios é o Twitter.
– As pessoas vão passar cada vez mais a usar a ferramenta para reportar acontecimentos – em especial no caso de breaking news.
– A credibilidade das informações vai continuar sendo discutida.
– As organizações jornalísticas vão passar a ter mais presença na ferramenta.
– Novas experiências vão surgir para tentar organizar o caos da informação no Twitter – mashups, coberturas colaborativas, enfim, o céu é o limite.

Em tempo: aqui em Pelotas, temos usado (leia-se: começado a tentar usar) a tag #pelotasnews para nos referir a fatos e acontecimentos sobre a cidade no Twitter. Todo o conteúdo é depois “puxado” e reunido em uma conta única (@pelotasnews). O sisteminha é simplíssimo e arcaico, mas já seria uma baita mão na roda para o pessoal daqui – considere o fato de que não há, no momento, nenhum jornal online voltado para assuntos da cidade.

Post relacionado: 2008, o ano dos mashups?

Pesquisa sobre o Twitter

Você que é brasileiro e tem conta no Twitter está convidado para ajudar numa pesquisa sobre redes sociais e apropriação brasileira do Twitter que eu e a Raquel Recuero estamos desenvolvendo. Basta entrar neste site e responder as 35 questões. Se puder também divulgar para seus contatos, agradeceríamos muito. Quanto mais respostas, mais fidedigna será a análise do uso do Twitter pelos brasileiros. Os dados serão posteriormente divulgados a todos. 🙂
Clique aqui para responder a Pesquisa sobre o Twitter