Monthly Archives: January 2009

2009: o ano do jornalismo no Twitter?

foto aviao
Foto postada por Janis Krums no TwitPic
Steve Clayton, em um post recente, discute o Twitter como a nova fronteira para o jornalismo. A discussão parte de uma foto do pouso do avião no Rio Hudson na semana passada, tirada por Janis Krums, que estava próximo ao local, e que foi postada inicialmente no Twitter, através do TwitPic (reproduzida acima). Segundo Clayton, essa fotografia marcaria a entrada do Twitter na mídia mainstream e a emergência da Internet em Tempo Real. Estamos diante, então, de pelo menos duas discussões:
Twitter e mainstream
No texto, ele discute que 2009 seria o ano em que o jornalismo no Twitter finalmente se tornaria mainstream (Clayton se refere ao fato de que o caso da foto do avião no Twitter chegou a ser bastante discutido na mídia tradicional). Não sei se chegaria a tanto – afinal, embora a ferramenta tenha tido um grande crescimento no número de usuários no último ano, ela ainda está um pouquinho longe do mainstream. Mas acho que dá para ao menos prever, com uma certa margem de segurança, que a ferramenta passará cada vez mais a ser usada para cobertura de fatos e eventos, em uma espécie de microjornalismo cidadão em tempo real (e o número de usuários vai continuar aumentando).
Twitter e tempo real
O grande potencial do Twitter está na rapidez da informação: pode-se usar celulares e outros dispositivos móveis para reportar acontecimentos assim que eles acontecem, direto do local do acontecimento. Há ainda inúmeras ferramentas auxiliares que permitem estender o limite de 140 caracteres, se for preciso (TwitBlogs), incluir imagens na atualização (como o próprio TwitPic), dentre outros recursos.
(via Ponto Media)

Mais sobre Twitter e jornalismo
Aqui no Brasil, o Tiago Dória também discutiu a foto do avião. Sobre o tema, ele fez dois comentários: 1. Krums enviou direto para o Twitter (ele não pensou em enviar para um jornal, ou para um site jornalismo participativo; mandou direto para seus contatos), e 2. Embora as primeiras informações tenham sido postadas no Twitter, as informações detalhadas sobre o acontecimento puderam ser acessadas, logo depois, em jornais online. Conclusão de Tiago Dória a respeito disso tudo: os dois tipos de mídia – a “velha” e a nova mídia – tendem a coexistir: “O Twitter reuniu os primeiros relatos e a chamada grande mídia trouxe a informação editada, mais organizada e legível”. Acho que, ao menos por enquanto, o caminho seria por aí: o Twitter é bom para acompanhar os últimos acontecimentos, mas talvez não muito adequado para acompanhar fatos cotidianos ou os sucessivos desdobramentos das notícias.
Aliás, isso nos remete a uma grande (não sei quão grande) limitação do Twitter para o jornalismo (inclusive, já abordei isso por aqui antes): a timelime é ótima para ficar sabendo de algo assim que acontece. Entretanto, por vezes, se torna bastante complicado acompanhar o que foi dito, especialmente algumas horas depois de um determinado acontecimento. Exceto pela busca por palavras-chave, não há, ainda, outro mecanismo para rastrear o caminho da informação. Com uma simples busca por palavra-chave, fica bem complicado separar o joio do trigo, o conteúdo digamos mais, relevante, dos demais comentários do público. Como paliativo, há as hashtags, mas nem todo mundo se lembra de usá-las, fora que também geralmente há várias tags sendo usada para um mesmo acontecimento. Claro que há caminhos para solucionar essa limitação, como partir dos tweets para reconstruir a informação e postá-la em outro lugar. Um exemplo bem interessante foi o que fez Alexandre Gamela com o incidente do avião no Hudson.
Outra saída interessante é buscar acompanhar as informações por uma das inúmeras ferramentas construídas com a API do Twitter: Quer saber o que está sendo discutido no momento? Acompanhe a tag cloud do TwitScoop! Quer saber tudo o que é dito sobre um determinado assunto? Twitter Search ou Twilert podem ser uma saída. Ferramentas para acompanhar acontecimentos é o que não falta. E gente com disposição para postar informações também não.
Outro problema prático é a discussão quanto à credibilidade das informações postadas no Twitter. A BBC já havia discutido esse aspecto por ocasião dos atentados em Mumbai. Clayton menciona em seu post o TweetNews, um mashup Twitter + Yahoo! que busca por notícias e tweets relacionados – uma proposta de saída interessante. No mais, para quem tiver interesse no assunto, recomendo a leitura do artigo da Raquel Recuero no Jornalistas da Web: Informação e Credibilidade no Twitter.

Em síntese, em 2009…
– O Twitter vai continuar a crescer.
– Seu vizinho vai continuar não sabendo que raios é o Twitter.
– As pessoas vão passar cada vez mais a usar a ferramenta para reportar acontecimentos – em especial no caso de breaking news.
– A credibilidade das informações vai continuar sendo discutida.
– As organizações jornalísticas vão passar a ter mais presença na ferramenta.
– Novas experiências vão surgir para tentar organizar o caos da informação no Twitter – mashups, coberturas colaborativas, enfim, o céu é o limite.

Em tempo: aqui em Pelotas, temos usado (leia-se: começado a tentar usar) a tag #pelotasnews para nos referir a fatos e acontecimentos sobre a cidade no Twitter. Todo o conteúdo é depois “puxado” e reunido em uma conta única (@pelotasnews). O sisteminha é simplíssimo e arcaico, mas já seria uma baita mão na roda para o pessoal daqui – considere o fato de que não há, no momento, nenhum jornal online voltado para assuntos da cidade.

Post relacionado: 2008, o ano dos mashups?

Livro: Deus, um delírio

No ano passado retrasado passei por uma situação em que não tive argumentos para justificar meu ateísmo. Hoje talvez me saísse melhor em uma discussão de tal tipo, especialmente após ter lido “Deus, um delírio” de Richard Dawkins.
Primeira das minhas leituras de férias (ainda no finalzinho de 2008), o livro traz uma série de argumentos contrários à hípotese de existência de deus, e também rebate alguns dos argumentos mais comuns em sentido contrário.
Para dar uma idéia do tom crítico da obra, eis um trecho: “Sugerir que a causa primeira, o grande desconhecido que é responsável por alguma coisa existir, é um ser capaz de projetar o universo e de falar com 1 milhão de pessoas simultaneamente é a abdicação completa da responsabilidade de encontrar uma explicação” (p. 209).
(Com isso, vem-me à mente a cena do personagem de Jim Carrey em “Todo Poderoso” tendo de responder a milhares de preces simultâneas por e-mail. Aliás, se deus é onisciente mesmo, por que raios deveríamos perder tempo fazendo preces? Ele já sabe de tudo mesmo…)
São mais de 400 páginas em que Dawkins, um darwinista assumido, ataca não uma religião em específico, mas a idéia toda de um “deus” único para explicar todas as coisas. Dawkins ainda diz que ensinar religião às crianças seria uma espécie de abuso infantil (afinal, elas ainda não têm condições de decidir por si próprias em que – e se – acreditar), e sugere que a religião seria uma espécie de meme (Dawkins, que é biólogo, foi quem propôs inicialmente a teoria dos memes, como idéias que se replicam tal qual os genes, de uma mente para outra).
Apesar das incoerências na hipótese de que deus existe, mesmo assim pessoas no mundo inteiro seguem recorrendo a uma religião para dar sentido a suas vidas. Por quê? Uma tentativa de explicar isso é esboçada pelo autor: “Será a religião um placebo que prolonga a vida reduzindo o estresse?” (p. 221)
Há quem argumente, ainda, que as pessoas precisam ter uma religião para lhe ditar os padrões morais, para serem pessoas boas. Entretanto, do mesmo modo que a religião pode tornar as pessoas boas, por outro lado, várias atrocidades são cometidas em nome da religião (vide 11 de setembro. Vide guerras motivadas por disputas religiosas). Então que possuir valores morais não chega a ter a ver tanto com religião. De certa forma, depende mais de cada um: há católicos bons e maus, assim como há ateus bons e maus.
O único problema do livro é que só ateus ou pessoas em dúvida quanto à religião irão se dar ao trabalho de lê-lo… 😛
Se o tema lhe interessa, recomendo a leitura da série de posts sobre religião que o Marcus fez, ano passado, em seu blog A Grande Abóbora, em especial o post sobre a redução ao absurdo.
É possível, ainda, encontrar a obra, na íntegra, em sites de compartilhamento de arquivos, como no scribd ou no 4shared. Comecei a ler online, gostei, e resolvi comprar incluir na minha lista de presentes de formatura.

Em tempo: este post é uma tentativa de resgatar a série de resenhas de livros e filmes deste blog.

Oportunidade para jovens jornalistas e estudantes de Comunicação


A WAVE Magazine, revista online internacional com base na Sérvia, está selecionando repórteres, tradutores, revisores, e outros novos integrantes para sua equipe. A proposta da publicação é empregar um olhar jovem sobre os acontecimentos em diversos países do mundo. Por enquanto, a publicação tem periodicidade mensal e é bilíngüe (trema, jamais te abandonarei!) entre inglês e sérvio. A “sala de redação” é em um wiki, e o grupo mantém ainda uma lista de discussões no Yahoo! Groups para contatos mais imediatos. Se alguém tiver interesse em colaborar (voluntariamente, heh), pode entrar em contato comigo (gabriela.zago@wavemagazine.net), ou direto com o pessoal da Sérvia (office@wavemagazine.net – neste caso, o contato deve ser feito em inglês ou sérvio). Mais informações aqui.
Colaboro com a WAVE há um ano e comecei agora em 2009 a editar a seção de Ciência e Tecnologia do site. Minha primeira meta é aumentar o número de não-europeus na equipe (de um para dois, pelo menos). 😛

Assunto paralelo: o questionário da pesquisa sobre o uso Twitter ficará disponível até hoje. Se você é um usuário brasileiro da ferramenta e ainda não respondeu, fica o convite para seguir o link. Não toma mais do que 10 minutinhos. Pesquisa encerrada. Obrigada a todos os que participaram! 🙂

Pesquisa sobre o Twitter

Você que é brasileiro e tem conta no Twitter está convidado para ajudar numa pesquisa sobre redes sociais e apropriação brasileira do Twitter que eu e a Raquel Recuero estamos desenvolvendo. Basta entrar neste site e responder as 35 questões. Se puder também divulgar para seus contatos, agradeceríamos muito. Quanto mais respostas, mais fidedigna será a análise do uso do Twitter pelos brasileiros. Os dados serão posteriormente divulgados a todos. 🙂
Clique aqui para responder a Pesquisa sobre o Twitter