Monthly Archives: December 2007

Retrospectiva e previsões

Não sei o que é pior nessa época de final de ano: as inúmeras retrospectivas do ano que passou, ou as intermináveis listas de previsões para o ano que se inicia. Todo final de ano é sempre assim – revisita-se o passado recente e traçam-se metas, planos, promessas em vão. É como se projetássemos no ano prestes a se iniciar todas aquelas vontades que gostaríamos de concretizar, mas que por algum motivo ou outro (preguiça, inviabilidade técnica, ou pura incompetência mesmo) não conseguimos realizar no ano que se finda.
Abstraindo-se todo e qualquer ritualismo ou superstição em torno do ano novo… resta o quê? Uma mera mudança numérica? Porque o ano novo nada mais é do que uma metáfora para nos reinventarmos a cada dia, um mero rito de passagem, com mais convencionalismos do que propriamente mudanças. O que me impede de tentar mudar nos demais dias do ano? Por que tenho que esperar até depois de amanhã para começar a mudar, se posso mudar a partir de agora? Qual a diferença? — A diferença é que há toda uma mística em torno do ano novo. A mudança no calendário traz uma série de pequenas superstições e pequenos rituais bobos e sem graça, como usar branco, vestir roupas novas ou pular sete ondas. O problema é que são os rituais bobos e sem graça que dão sentido à vida.
Sob pena de invalidar tudo o que acabei de dizer (e o que disse em outros anos), fiquem abaixo com uma breve retrospectiva 2007 e uma pequena lista de previsões para 2008.

“Retrospectiva” 2007
Acompanhe abaixo alguns dos posts deste blog em 2007 (em escolha completamente arbitrária e não representativa):
Espetacularização da Tragédia – reflexões aleatórias a partir da cobertura midiática da cratera no metrô em São Paulo.
Como se tornar imortal – post surgido a partir de um comentário de Lynz sobre a imortalidade a partir da quebra de espelhos (sete anos de azar = mais sete anos de vida?).
Crimes contra a honra em blogs – e toda a série de termos jurídicos absurdos.
Sobre a luta de egos na blogosfera – a parte mais legal do post são os comentários 🙂
Identidade revelada – sobre o imbróglio Estadão X Blogs.
Excesso de informação – fruto de uma leve crise existencial.
Protestos em Myanmar – blogueiros unidos no mundo inteiro podem fazer a diferença.
Explorando o Twitter – tentativa de convencer a mim mesma de que o Twitter tem alguma utilidade.
Para mais posts.. er, é para isso que existe o arquivo.

Previsões 2008
Algumas previsões do que talvez (muito provavelmente) veremos na blogosfera em 2008 (inspirado na tag/meme #previsões2008 do Twitter):
– 748661719 novos tipos de rankings aparecerão para classificar os blogs.
– Inspirado nos rankings anteriores, será criado uma versão de tabuleiro de Banco Imobiliário para Blogs, baseada nos rendimentos de cada blog (já tem até War!)
– A monetização será largamente discutida ao longo do ano, junto com um debate ético sobre a questão dos posts pagos (ou isso é uma espécie de retroprevisão do que já aconteceu em 2007?)
– Realizar-se-ão diversos eventos do tipo BarCamp, BlogCamp, e alguma-outra-coisa-camp. Como tendência, os eventos passaram a ser cada vez mais localizados, atingindo o interior dos estados (aliás, que tal um BlogCamp Pelotas?).
– Pelo menos um meme de classificação de blogs, com direito a selinho, tomará conta da blogosfera brasileira.
– Algum blogueiro convencional irá se tornar problogger.
– Algum blog popular encerrará suas atividades – e todo mundo irá lamentar o fim desse blog em seus blogs.
– Alguém será processado por comentários de terceiro em blog.
– O Judiciário vai continuar não entendendo os blogs.
– A mídia de massa também não vai entender os blogs.
– Alguma celebridade irá criar um blog miguxo.
– Algum blogueiro famoso (fama é um conceito relativo na blogosfera) irá substituir seu blog pelo Twitter.
– Um embate de egos em blogs acabará em briga feia entre blogueiros.
– Os blogueiros se unirão em mais uma GoogleBomb de cunho político (possivelmente relacionada às eleições locais).
– Os plágios descarados continuarão a acontecer, apesar dos protestos.
– No final do ano, todo mundo irá criar listas de retrospectivas 2008 e previsões para 2009.
Ou seja: tudo vai mudar, mas, ao mesmo tempo, tudo vai continuar absolutamente igual…

Acreditem ou não que o ano novo vai mudar alguma coisa… desejo a todos um Feliz 2008! 🙂

Update 31/12 — And we’ve got a winner… a pior coisa do final de ano são as inúmeras simpatias para o ano novo!

Formas de se utilizar o Twitter

Dan York, do Disruptive Conversations, fez um longo post enumerando os dez principais usos que ele faz do Twitter, meio que tentando justificar como e por que ele usa o Twitter para comunicação online. De forma resumida, os dez principais usos seriam:
1. Twitter como uma fonte de notícias/novidades – o Twitter seria útil não só para notícias em sentido estrito, mas também para se descobrir novidades e curiosidades a partir dos links sugeridos pelos amigos. Ele exemplifica citando o caso do assassinato da ex-primeira ministra do Paquistão, Benazir Bhutto. As primeiras informações sobre o atentado começaram a pipocar em pouco tempo no Twitter. [Sobre o assunto, Dennis Howlett fez um interessante apanhado geral da cobertura do assassinato pelo Twitter – a idéia é a de que os microblogs conseguem ser ainda mais rápidos que os blogs.]
2. Twitter como uma rede de conhecimento – no sentido de que é possível fazer perguntas e obter respostas de forma rápida e eficiente.
3. Twitter como um “bebedouro virtual” – assim como nos escritórios, em que corredores e hora do cafezinho são situações propícias a se jogar conversa fora, também no Twitter é possível interagir com outras pessoas, em momentos de descontração. Dan York considera esse uso do Twitter particularmente interessante para pessoas que, como ele, trabalham a partir de casa.
4. Twitter como uma forma de se manter atualizado com os amigos – o Twitter fornece uma maneira rápida e fácil de saber o que seus amigos estão fazendo.
5. Twitter como diário de viagens – o Twitter pode ser utilizado para contar sobre as viagens que se está fazendo, os lugares que se está visitando, a situação do aeroporto em que se está esperando o próximo vôo, ou o evento que se está assistindo – a vantagem de se utilizar o Twitter para essa finalidade é poder encontrar pessoas que possam estar na mesma cidade, situação ou evento.
6. Twitter para acompanhar eventos – para quando não se tem como estar presente em algum evento ou conferência. Dependendo do tamanho do evento, há grandes chances de que alguém esteja fazendo “live microblogging”. [Também é divertido fazer live-microblogging, mesmo que ninguém esteja acompanhando :P]
7. Twitter como uma ferramenta de marketing/relações públicas – é possível usar o Twitter para promover os posts de seu próprio blog (embora seja irritante postar sobre todos os posts, é interessante chamar a atenção para alguns posts que possam vir a interessar as pessoas que nos seguem no Twitter). As empresas também têm começado a se utilizar do Twitter para promover seus produtos/serviços – tipo o que faz o Guaraná Dolly, ou a província argentina de Chubut.
8. Twitter como uma ferramenta de aprendizagem – Dan York relata que, a partir das diversas atualizações do Twitter que acompanha, acaba aprendendo sobre novos assuntos e novas áreas para explorar – alargando seu campo de conhecimento.
9. Twitter como diversão – o Twitter também serve para momentos de descontração, para contar piadas, ou narrar fatos engraçados que ocorram em nosso dia-a-dia.
10. Twitter como uma lição diária de humildade e brevidade – no Twitter, é preciso ser breve e conciso. São apenas 140 caracteres – 115, caso se queira postar uma URL -, e isso faz com que sejamos forçados a reduzir o que queremos dizer apenas ao essencial. Não há espaço para informações supérfluas.
Notou a ausência de alguma utilização? O próprio Dan York reconhece que está faltando em sua lista um dos usos mais clássicos, o “Twitter como uma conversação”. Ele justifica a não inclusão do item pelo fato de que ele, particularmente, não costuma usar muito o Twitter para essa finalidade (só não sei como ele se diverte, ou obtém resposta a perguntas, sem que haja conversação). Outra ausência reconhecida por York é o uso do “Twitter para ficção”.

E você, para quais finalidades utiliza o Twitter?

Facebook em outros idiomas

Pegue a idéia de colaboração das comunidades de software livre, misture com alguns conceitos de participação na Web 2.0 e adicione uma pitada de inteligência coletiva a uma comunidade com milhões de usuários ávidos por um reduto de interação social online em seu idioma pátrio, abstraia o fato de que a rede social em questão possui interesses capitalistas, e coloque todo mundo a trabalhar de graça em um serviço que, se realizado às custas da empresa, seria demorado e dispendioso. Pronto. Assim você já tem uma noção geral de como funciona o aplicativo “Translations” do Facebook.
Para participar, basta adicionar o aplicativo, e, a partir de então, passar sugerir traduções para as páginas que se está visitando no Facebook. Também é possível votar nas traduções sugeridas por outros usuários. Após uma determinada quantidade de votos, a tradução passa a ser considerada oficial. Por enquanto, apenas está disponível o modo de tradução para o espanhol. Centenas de pessoas já estão trabalhando na tradução. As dúvidas são resolvidas no fórum, onde há até uma discussão sobre a melhor forma de traduzir o intraduzível “poke”.
A parte interessante é que todo mundo pode contribuir para disponibilizar a página em seu próprio idioma, de forma rápida e eficaz. Com essa ferramenta, o Facebook tem a possibilidade fática de poder disponibilizar a rede social em uma infinidade de idiomas, em sintonia com as tendências de Web 2.0 e participação, e sem pagar muito caro por isso – afinal, as pessoas gostam de trabalhar de graça colaborar para o bem comum. (E é uma solução bem melhor do que levar as pessoas a criarem “Fakebooks“)
O aplicativo ainda não aparece na lista pública de apps do Facebook. Mas é possível acessá-lo por aqui.
Via Mashable, a partir de sugestão do Jandré.

Em tempo: qualquer semelhança com a ferramenta de tradução colaborativa do Google Tradutor pode ser mera antecipação de tendência coincidência.

Ainda em clima de Natal

Querido Papai Noel,
Sei que não me comportei muito bem este ano, mas, mesmo assim, gostaria que o senhor me desse um presente. Não é nada muito grandioso, mas também talvez não seja algo assim tão simples. Pode ser que esteja um pouco fora de seu alcance (e também não sei como fazer para passar isso por uma chaminé, ou por debaixo da porta), mas pelo menos não é algo que interfira no orçamento geral dos presentes para o Natal. Sei que sobra pouco dinheiro para presentear cada criança em todo o Natal, e também que a fábrica dos duendes na Lapônia no Quirguistão é incapaz de produzir brinquedos para todo o mundo – mesmo que eles trabalhem arduamente durante o ano inteiro. Sei também que meu pedido está chegando um pouquinho atrasado, e de repente meio fora da apertada rota de entrega de brinquedos para o Natal. Por conta disso, tive o cuidado de escolher algo que beneficiasse não só a mim, como também a milhares de outras pessoas – e também ao senhor, Papai Noel. Diferentemente de uma bola, boneca ou bicicleta, talvez meu presente nem precise de embalagem – talvez um frasco, ou um cartão em um envelope simbólico possam servir de indício de que o presente foi enviado. Também dá para economizar com transporte, e fazer tudo pela Internet – afinal, vivemos em uma sociedade permeada pela tecnologia. Basta um e-mail. E não precisa nem ser enviado pelo senhor, Papai Noel. Se estiver sem tempo, o senhor pode confiar a tarefa a um de seus milhares de assessores duendes lá da fábrica de brinquedos.
O que quero é mais tempo. Mais tempo para poder desfrutar dos pequenos prazeres da vida, sem a pressa inerente ao dia-a-dia agitado das grandes cidades. Mais tempo para poder apreciar uma xícara de chá, ou poder ler um livro inteiro, do começo ao fim, sem precisar ter que se preocupar com a próxima reunião, com o próximo compromisso. Mais tempo para que as crianças possam brincar sem se preocupar com a violência nas ruas, para que os pais possam curtir seus filhos, sem que isso prejudique o sustento financeiro da família. Mais tempo para poder ficar alguns minutinhos a mais na cama ao acordar, apenas para traçar planos para o dia que se inicia. Mais tempo para trabalhar, mais tempo para esperar, mais tempo para experimentar, mais tempo para viver.
Quero apenas poder viver em um mundo menos acelerado; ter a expectativa de acordar pela manhã rumo a um novo dia – rumo ao desconhecido. E não todo dia, ao ouvir o ronronar do despertador, deparar-me com a tediosa rotina apressada de sempre, em que, embora haja muitas coisas por fazer, fazem-se sempre as mesmas coisas, o que leva à impressão de que o tempo simplesmente não passa. Talvez o problema nem diga respeito tanto à quantidade de tempo disponível, e sim a uma questão de logística, em relação à forma de distribuição entre atividades e tempo – o que, ao menos em tese, torna a viabilidade do presente um tanto mais simples.

Feliz Natal a todos! 🙂

E vocês sabem, não, que o Natal quase foi cancelado porque o helicóptero em que o Papai Noel estava foi atingido por dois tiros ao sobrevoar uma favela no Rio de Janeiro, uma semana antes do Natal?

Absurdos do judiciário brasileiro

O deputado estadual Fernando Capez (PSDB-SP, ex-promotor de justiça, e autor de uma dezena de livros nas áreas de direito penal e direito desportivo – e sim, eu tenho um livro dele em casa) iniciou um processo contra o jornalista e blogueiro Juca Kfouri (não consigo ler o nome dele sem imediatamente associar à clássica piadinha sem graça com o nome de pessoas famosas). A idéia era impedir que Kfouri viesse a furar [desculpem, não resisti] “ofendê-lo” novamente em seu blog. No final de outubro, a juíza Tônia Yuka Kôroko, da 13ª Vara Cível da Comarca da Capital de São Paulo, decidiu, em caráter liminar, que qualquer ofensa que Kfouri viesse a fazer contra Capez a partir daquele momento seria punida com uma multa de 50 mil reais. Kfouri recorreu, mas o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo manteve a decisão em segunda instância. Na última quinta-feira (20/12), a defesa do jornalista entrou com um mandado de segurança* contra o que considera uma decisão que fere a liberdade de expressão do jornalista. Sim, porque estipular uma multa para uma possível ofensa futura é o mesmo que voltarmos aos tempos da ditadura e revivermos os momentos da censura prévia. Em um blog!
E qual foi o crime horrendo e tenebroso cometido por Juca Kfouri e que justificaria o caráter liminar da medida? Kfouri teria dito em seu blog que Capez elegeu-se deputado por conta da notoriedade alcançada a partir do fracasso no combate à violência das torcidas organizadas na época em que ainda era promotor. Em outra oportunidade, o jornalista também teria afirmado que o curso de Direito então dirigido por Capez obteve nota baixa nas avaliações do MEC e da OAB. Os dois fatos realmente aconteceram. Alguém consegue identificar onde está a tal “ofensa”?
Em nota, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se manifesta dizendo que “a decisão da Juíza Kôroko prima pelo subjetivismo e se baseia num pressuposto que pretende conferir à sua autora poderes de adivinho, por classificar de ofensa aquilo que o jornalista José Carlos Kfouri ainda não escreveu. No caso, estamos diante não de uma decisão judicial, mas de manifestação de uma pitonisa. Ainda segundo a ABI, a decisão fere a Constituição Federal, em seu artigo 220, que veda “toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.

Leia mais sobre o caso n’O Biscoito Fino e a Massa, que convida a espalhar por aí as duas “ofensas” que motivaram Capez a iniciar o processo.

* Mandado de segurança é uma ação constitucional que tem por objetivo proteger “direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça” (art. 1° da Lei n° 1.533/51). Direito ‘líquido e certo’ é aquele que tem existência manifesta, sem deixar margem a dúvidas. É um direito bem delimitado e passível de ser exercido desde logo. Por conta disso, um dos requisitos do mandado de segurança é que os documentos que provam a existência do direito que se quer proteger já sejam apresentados junto com a petição inicial da ação.

Tomei conhecimento do caso a partir de uma sugestão do Sérgio.

MyMiniCity: crie sua mini cidade

Update 23/12 — a Piada rumo ao futuro: invista na industrialização de piada.
visite piada
O MyMiniCity é uma espécie de SimCity online simplificado baseado em page views. Funciona assim: você entra no site, escolhe um nome e a localização [não é necessário fazer nenhum cadastro], e depois, tudo o que precisa fazer é divulgar o endereço de sua cidade. Quanto mais visitas, mais a cidade cresce, simples assim.
A situação começa a se tornar um pouco mais complexa quando a “mini cidade” passa a ter mais de 50 habitantes. A partir daí, é preciso passar a distribuir as visitas em vários setores (indústria, transportes, segurança, meio ambiente e negócios), para que a cidade possa crescer próspera e feliz. Se você deixa de “investir” em segurança, por exemplo, as pessoas passam a ir embora de sua cidade, em busca de lugares mais seguros.
As visitas são contadas uma vez por dia [o controle é feito pelo endereço IP do visitante]. Cada visita representa um novo habitante.

inhabitant.jpg Gostou da idéia? Vá lá conhecer Piada, no Brasil, e contribuir para aumentar a abrangência da piada população da cidade.

Visite também:
Capitalismo, na França (criada pela Carla) e Rád a Trest, na República Tcheca (criada pelo Tiago).

Para variar, tomei conhecimento do game pelo Twitter. Mas é no mínimo divertido ler os comentários que as pessoas fazem sobre o MyMiniCity blogosfera afora.

Vírus no Orkut

O dia 18 de dezembro [ou, mais especificamente, a madrugada do dia 19] ficará marcado na ‘história’ do Orkut. Um blogueiro conhecido como RodLac resolveu criar um script para testar seus conhecimentos. Não havia propriamente uma intenção maliciosa por trás da ‘brincadeira’, embora ela tenha ficado conhecida como #virusdoorkut no Twitter – local de onde partiram as investigações em busca da identidade do idealizador do ‘vírus’ [e o próprio RodLac chamou de vírus]. Em seu blog, RodLac conta que, inicialmente, pretendia fazer um script para divulgar seu blog pelo Orkut. Como achou que isso seria uma publicidade negativa para o blog, ele mudou de idéia, e simplesmente propagou um script que fazia com que, cada vez que um scrap infectado fosse lido, o dono do perfil fosse automaticamente incluído na comunidade “Infectados pelo Vírus do Orkut” [hoje com mais de 600.000 membros], e a mensagem infectada fosse então repassada para todos os contatos. Recebi esse scrap seis vezes durante a madrugada. O primeiro chegou às 00h38, e o último veio pouco antes das 3h.
Para quem está tomando conhecimento do fato só agora, pode ficar tranqüilo. A equipe do Orkut foi ágil e já apagou todos os scraps infectados, por volta das 3 horas da madrugada. Aos poucos, está tudo voltando ao normal. Como sugere uma das alternativas da enquete “O que vai acontecer amanhã?”, na comunidade “Eu tava no vírus do Orkut!!!!”, “as pessoas que dormiram vão achar que somos loucos”… 😛

O Inagaki fez uma excelente síntese da evolução do vírus, numa espécie de “ata” do que foi discutido durante a madrugada no Twitter.

Em tempo: o tal do RodLac pode não ter feito diretamente o que pretendia (divulgar seu blog a partir do script). Mas com certeza a tática lhe renderá uma infinidade de acessos no dia de hoje. E uma fama instantânea e efêmera por ter criado a talvez quase-primeira-ameaça-real ao Orkut.

Enquanto isso, do outro lado das redes sociais…
Recebi a primeira corrente apocalíptica do Facebook. Não é só o pessoal do Orkut que teme perder seu perfil:

Attention all Facebook membeRs.
Facebook is recently becoming very overpopulated,
There have been many members complaining that Facebook
is becoming very slow.Record shows that the reason is
that there are too many non-active Facebook members
And on the other side too many new Facebook members.
We will be sending this messages around to see if the
Members are active or not,If you’re active please send
to other users using Copy+Paste to show that you are active
Those who do not send this message within 2 weeks,
The user will be deleted without hesitation to create more space,
If Facebook is still overpopulated we kindly ask for donations but until then send this message to all your friends and make sure you send
this message to show me that your active and not deleted.
Founder of Facebook
Mark Zuckerberg

Uma corrente bastante parecida com essa circulou em 2006 no Orkut. É tão grande assim o medo de perder a própria conta???

Quase dois dias depois, o blog do Orkut se manifestou sobre o tal vírus.

Você sabe que está usando o Twitter demais quando…

… simplesmente não consegue escrever nada que tenha mais de 140 caracteres.
… estranhamente, passa a fazer posts de no máximo 140 caracteres no blog.
… pensa seriamente em substituir o blog pelo Twitter (se é que já não fez isso).
… sente falta quando seus amigos ficam sem atualizar por algumas horas.
… sua vida perde o sentido quando o Twitter sai do ar ou fecha para manutenção.
… não sabe o que fazer enquanto o Twitter fica fora do ar.
… comemora quando o Twitter volta da manutenção.
… alguém pergunta o que você fez hoje, e você manda olhar no seu Twitter.
… para todas as situações da vida, você consegue lembrar de alguém que já contou ter feito isso, no Twitter.
… fica deprimido se ninguém responde às suas perguntas existenciais.
… fica deprimido se não sabe o que dizer.
… fica deprimido se não consegue resumir o que tem a dizer em 140 caracteres.
… não agüenta mais ouvir falar em Twitter.
… já pensou em cometer um twittercídio.
… já cometeu um twittercídio (mas voltou, porque você não conseguiu viver sem o Twitter).
… comemora quando faz atualizações com exatos 140 caracteres.
… não perde sequer uma oportunidade de fazer live-microblogging – mesmo que absolutamente ninguém esteja acompanhando sua cobertura.
… apesar da infinidade de sites relacionados ao Twitter que já existem, você consegue pensar em pelo menos dez novos usos para a API do Twitter que ninguém tenha pensado antes.
… se irrita quando suas URLs não são convertidas automaticamente em TinyURLs (e passa a achar que se trata de uma conspiração).
… converte manualmente as URLs em TinyURLs, para sobrar 115 caracteres para o texto.
… teme o dia em que acabarão as combinações possíveis de TinyURLs.
… consegue enumerar cinco serviços de compactação de URLs – fora o TinyURL.
… quando se refere a alguém que não está presente, coloca uma @ antes.
… passa a colocar @ antes do sobrenome dos autores ao citar referências em trabalhos científicos.
… e as palavras-chave são introduzidas com #, logo após um resumo de exatos 140 caracteres.
… seu esporte preferido é a twittcrastinação. De preferência, praticada durante o horário de trabalho.
… seu chefe pede para fazer um relatório com urgência, e você só consegue pensar na frase que irá usar para reclamar disso no Twitter.
… fica em casa sexta à noite só para poder acompanhar as atualizações no Twitter (isso quando percebe que já é sexta à noite!).
… para acordá-lo de manhã cedo, você usa o Twitter como despertador.
… apesar da limitação de 140 caracteres, somando tudo, você já escreveu mais no Twitter do que em toda a sua vida escolar.
… não consegue entender o que as pessoas vêem no Pownce ou no Jaiku (mas tem conta nos dois, por via das dúvidas).
… seu sonho de consumo é um smartphone com pacote de dados ilimitados, só para poder atualizar o Twitter a qualquer momento.
… sua conta de telefone apresenta gastos astronômicos com o envio de mensagens SMS para número internacional.
… entra em pânico porque não consegue fazer de jeito nenhum aparecer # na hora de enviar uma mensagem do seu telefone. **
… seus followers mandam mensagens preocupadas porque você não atualiza o FoodFeed há quatro dias e eles pensam que você está morrendo de fome (e o que é pior – pode muito bem ser verdade). **
… seus e-mails magicamente passam a ter no máximo 140 caracteres. **
… contando os 25 da TinyURL. **
… na verdade, toda sua comunicação passa a ser bastante curta – e as suas lacunas são interpretadas como inteligência superior, o que lhe rende várias promoções, ou mistério, o que garante uma vida sexual bastante ativa. **
… vê que não consegue falar sobre qualquer outra coisa e resolve postar no blog os motivos que levam a pensar que você está usando demais o Twitter.
… consegue pensar em vários outros motivos que não figuram nesta lista. E decide postá-los, no Twitter.

Relação iniciada enquanto o Twitter estava fora do ar. Inspirado na lista “O blog começa a lhe fazer mal quando…”, do blog Amarula com Sucrilhos.

Os motivos com ** do lado foram sugeridos pelo Tiagón.

Trata-se, obviamente, de uma lista inacabada. Fica o convite para quem quiser continuá-la, por qualquer meio 🙂

Veja também: o meme #twittareh

Em 2000 e alguma coisa, fiz a lista “Você sabe que assiste Gilmore Girls demais quando…“.

Os 10 anos do termo ‘weblog’

Há 10 anos, em 17 de dezembro de 1997, Jorn Barger criou o termo ‘weblog’. A abreviação ‘blog’ teria surgido apenas em maio de 1999, quando Peter Merholz decidiu passar a pronunciar weblog como ‘wee-blog’, ou apenas ‘blog’. O blog mais antigo ainda na ativa é o Scripting News, de Dave Winer – no ar desde abril de 1997 (antes mesmo de weblogs serem chamados de weblogs, portanto). E Winer considera como o ‘primeiro blog de todos os tempos’ o primeiro site que surgiu na web, o http://info.cern.ch/, criado por Tim Berners-Lee, no CERN.
Para comemorar os 10 anos do termo ‘weblog’, a Wired traz 10 dicas para novos blogueiros, sugeridas pelo próprio criador do termo, Jorn Barger. Para Barger, blogs deveriam ser usados mais para listagem de links (o sentido original dos blogs, como um diário de bordo do que se faz na web) do que para produções próprias (no estilo ‘diário virtual’, a forma como os blogs se popularizaram).

Para ‘comemorar’, façamos uma espécie de diário de bordo de navegação (eis o caminho percorrido para formular os dois singelos paragrafozinhos acima):
Primeiro weblog
Nesta página, você encontra o que é considerado o ‘primeiro blog’, de acordo com Dave Winer. A página é de 1992.
Weblog resources FAQ
Neste endereço, você confere a definição dada por Barger para weblog. A página é de 1999.
“De ‘weblog’ para ‘blog’”
Arquivos do blog de Peter Merholz, de 1999. Veja no menu à esquerda a opção “For What It’s Worth”, onde Merholz conta que passou a chamar ‘weblog’ de ‘blog’. Via Internet Archive.
weblogs: a history and perspective
Texto de Rebecca Blood (uma das pioneiras na blogosfera, e também pesquisadora de blogs) sobre a história dos weblogs.
The History of Weblogs
Texto de Dave Winer (do Scripting News, o blog há mais tempo em funcionamento) sobre a história dos blogs. Via Internet Archive.
Top 10 Tips for New Bloggers From Original Blogger Jorn Barger
Essas são as 10 dicas para novos blogueiros, dadas por Jorn Barger, anteontem, na Wired.
Robot Wisdom
Site de Jorn Barger. Tem também este outro blog, citado na matéria da Wired.
Scripting News
Blog de Dave Winer, no ar desde abril de 1997.

Assunto paralelo: nova verbeatnik na área: Larissa Bueno, com o seu le bazar.

Os dez processos judiciais mais procurados no Google em 2007

Processos judiciais (lawsuits) mais pesquisados no Google neste ano, segundo o Google Zeitgeist 2007:
1. Caso Borat – diz respeito a dois estudantes norte-americanos que resolveram processar a produtora do filme Borat por fraude. Eles aparecem bêbados no filme, e alegaram que só autorizaram a filmagem porque achavam que o filme seria exibido apenas na Europa.
2. Caso Vonage – Maior empresa de telefonia VoIP dos EUA, a Vonage perdeu ações judiciais de ‘quebra de patente’ contra as empresas Verizon e Sprint.
3. Caso iPhone – pelo menos dois compradores do iPhone processaram a Apple por questões ligadas à bateria do produto: pelo fato de a bateria do telefone ter curta duração, e isso não ter ficado claro na divulgação do produto, e também em busca de esclarecimentos sobre o procedimento de substituição de bateria. Mais recentemente, na Europa, foi iniciado um processo para tentar impedir o monopólio das vendas de iPhone na Alemanha.
4. Caso Facebook(por enquanto) as disputas judiciais envolvendo o Facebook dizem respeito a quem teria sido o verdadeiro ‘pai’ da rede social. Três jovens que fundaram a rede ConnectU alegam que o Facebook seria uma cópia do portal lançado por eles dois meses depois do Facebook. Já o jovem Aaron J. Greenspan alega que, antes mesmo da criação do Facebook, ele teria lançado o projeto FaceNet. Informações sobre os desdobramentos dos dois processos podem ser encontradas na Wikipedia.
5. Caso Jamie Gold – Em 2006, Jamie Gold ganhou 12 milhões de dólares em um torneio de Poker. Um executivo de televisão alega que Gold teria prometido a ele metade do valor caso ganhasse. A ação judicial discute a existência ou não de tal acordo.
6. Caso Pants – o americano Roy Pearson processou a lavanderia da sua vizinhança pedindo 54 milhões de dólares de indenização por conta de uma calça jeans perdida. Não levou nada, óbvio. Mas isso não impediu que o fato fosse ridicularizado pela mídia.
7. Caso McDonalds – a rede de lanches fast food se envolve em tantos processos, que fica difícil de saber qual o que foi procurado por tanta gente em 2007. O caso mais clássico data de 1994, em que uma consumidora recebeu 2,9 milhões de dólares após ter se queimado com café quente demais (sim, bizarro ao extremo). A Wikipedia traz uma síntese de todos os casos.
No Brasil, no ano passado, foi decidida a possibilidade de venda do brinquedo separado do McLanche Feliz.
8. Caso Paxil – uma ação judicial obrigou a empresa fabricante do remédio Paxil (SmithKline Beecham) a devolver o valor gasto com a compra de Paxil para crianças. A alegação era de que a empresa sabia que o remédio era perigoso e ineficaz quando ministrado a menores de 18 anos.
9. Caso RIAA – referente a processos iniciados pela RIAA (Recording Industry Association of America) contra o compartilhamento ilegal de músicas pela Internet. Em 2007, a americana Jammie Thomas foi condenada a pagar 220 mil dólares por compartilhar 24 músicas através do KaZaA.
10. Caso Dell – em 2007, a Dell enfrentou vários processos judiciais. Em janeiro, acionistas da empresa acusaram Dell e Intel de conspiração. Em fevereiro, funcionários norte-americanos da empresa processaram a Dell por questões trabalhistas. Em maio, Andrew Cuomo, advogado de New York, iniciou um processo contra a Dell, acusando-a de fazer falsas promessas a seus consumidores.

Hábitos de consumo mundial
Se a gente fosse se basear apenas nos termos mais procurados do Google em 2007, no mundo todo, a série mais popular é Heroes, o filme mais assistido do ano foi Transformers, a música do ano é Umbrella (Rihanna), o fato que mais virou notícia foi American Idol, o candidato mais procurado foi Ron Paul, a morte mais comentada foi a de Anna Nicole Smith, o ringtone mais baixado foi mosquito, a receita mais pesquisada foi master cleanse, a dieta weight watchers foi a mais popular, e para entrar em forma, o pessoal optou por pilates. As pessoas querem saber quem é deus, o que é o amor, e como se beija. Mais sobre as buscas de 2007 no Google Zeitgeist.

Assunto paralelo: blogs também serão afetados? Estamos virando uma França?