Monthly Archives: September 2005

Desabafo

Por que é tão difícil se entender? Estou cada vez mais decepcionada comigo mesma. Tento me encontrar, mas acabo me afastando. De me compreender, então, já desisti. Não reconheço mais minhas atitudes. Desconheço meus gostos. Nego meus pensamentos. Existo, mas não vivo.
Antes, parecia que as coisas aconteciam mais facilmente. Notas altas eram mero reflexo de estudos bem feitos. Nunca tive amigos, mas sempre tinha com quem contar quando precisasse.
Agora, parece que meu mundo já não tem mais jeito. Estudar para as provas é um verdadeiro suplício. Sabe quando você considera seriamente a hipótese de deixar uma questão em branco em uma prova? Eu nunca tinha passado por isso, até chegar neste semestre. Meus estudos são insuficientes, minhas leituras são superficiais, meus entendimentos são precários. E isso tudo vale também para a vida social. Posso passar 48h trancada em casa que, desde que haja comida, livros e computador, não sentirei falta de outros seres vivos. Nem ao menos sentirei o tempo passar!
Minha mente anda confusa. Alterno momentos de bom humor (que ainda são maioria, ufa!) com etapas profundas de auto-negação, sentindo-me inferior aos demais.
Não entendo como os outros conseguem administrar tão bem suas vidas. Estudam, trabalham, têm uma vida social ativa. E eu mal consigo administrar a própria sobrevivência. Às vezes chego a me esquecer de abrir as janelas. Como se o sol fosse esperar todo o tempo do mundo para se manifestar.
Bom, espero sair logo dessa “crise existencial”. Quero me entender. Quero parar de ler desenfreadamente e passar a viver mais. Curtir mais. Sorrir mais. Quero apenas poder chegar ao final de um dia e dizer “eu vivi” — e não levar dois dias para perceber que o dia seguinte já acabou. Setembro passou tão rápido. Parece que ainda é comecinho de agosto, e, no entanto, depois de amanhã já é outubro. Ah, quem se importa 😛
Não vou acabar com o clima feliz do blog por isso…
E viva a máquina de lavar!!! *VIVA* \o/ \\o o// _o/ \o_ \o/

AM (2004-2005) – DM (2005-?)

Hoje inaugura-se um novo tempo na história do meu apartamento. Dizem que a vida de uma pessoa que mora sozinha divide-se em Antes e Depois da Máquina de Lavar. Veremos. Espero que ela seja mais do que um simples paralelepípedo inútil atravancando minha mini área de serviço.

Obs.: Assim como criam aparatos para facilitar o manejo com as roupas, bem que podiam inventar uma espécie de botão “Auto Clean”, do tipo que a gente aperta e, como num passo de mágica, o apê inteiro fica arrumado e limpo. Aí sim eu ia acreditar que estamos vivendo essa tal de “pós-modernidade”.
(P.S.: Um robozinho à la Jetsons já quebrava o galho.)

Desarmamento

No dia 23 do outubro, os brasileiros terão de votar a favor ou contra no referendo do Desarmamento. Não é a primeira vez que esse instituto constitucional é adotado no país (ou talvez seja 😛 até porque não consigo lembrar de outro que tenha tido; teve um plebiscito em 1993 para decidir o sistema de governo, mas é diferente, porque plebiscito é antes da edição da lei, enquanto que o referendo é aplicado quando a cag*d* já tá feita). Mas o referendo vai ser algo bem simples. Como se fosse uma votação normal, todos se dirigem a sua seção eleitoral, em sua cidade, munidos de carteira de identidade ou título de eleitor, e votam nas mesmas maquinhas eletrônicas felizes das eleições regulares. Aí o não corresponderá ao provável veto do art. 35 do já vigente Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03 – o artigo 35 proíbe a comercialização de armas de fogo e munição em todo o território nacional) e o sim faz com que tudo siga como está. Beleza. Seria perfeito, não fosse o cretinismo da pergunta. O problema do referendo é que se está diante de uma votação de extremos. Como se só houvesse direita e esquerda no país, e as duas exacerbadas. Com um sim, corremos o risco de contribuir com o aumento da violência. Sim, pois quem desarmará os bandidos? Ou alguém aí é tão inocente que acha que os delinqüentes, sabendo que vão encontrar a vítima indefesa, deixarão de abordá-las a mão armada? E isso também pode contribuir para o tráfico de armas (pense bem no que já acontece com as drogas…), o que aumentaria ainda mais a criminalidade, ao invés de resolver o problema por completo.
Bom, tecnicamente, já é o que está acontecendo. Até porque, ao que tudo indica, o Estatuto do Desarmamento já está valendo, desde dezembro de 2003.
Por outro lado, um não também pode representar algo radical. Se as autoridades simplesmente liberarem a comercialização e o porte de armas, como era antes, todo avanço conseguido até então terá sido inútil. É preciso que nossos representantes no governo (e isso talvez tornará a disputa pelas próximas eleições ainda mais acirradas) atuem num sentido de dificultar o acesso às armas. Mas quem nos garante que isso será feito?
O problema do referendo, então, consiste em se ter a coragem de tomar uma decisão radical. Ou é sim, ou é não. A princípio, não nos é fornecido uma opção pelo meio-termo. Espero que as propagandas na televisão e no rádio ajudem a tomar uma decisão, mostrando meios de se flexibilizar o radicalismo, qualquer que seja a decisão do povo nas urnas. Bom, até lá, fico com o não. Mas este não é provisório, como uma secadora que a gente compra até ter dinheiro/envergadura moral para comprar uma máquina de lavar (desculpe, mas eu tinha que enfiar a máquina no meio :P).
Sou contra a proibição total da venda de qualquer armamento. Mas a favor de uma espécie de dificultação de acesso às armas, um pouco mais branda da que já está havendo — poderiam fazer algo parecido com o que fizeram com o automóvel – que também é uma arma tão perigosa quanto aos revólveres, espingardas, pistolas, etc.; ao menos mata tanto quanto – criar centos de habilitação de “portadores de armas”, exigindo o pagamento de uma taxa salgada, e exames psicotécnico, aulas teóricas e prova prática para a obtenção de porte de arma no país. Não é por fazerem isso com o automóvel que o povo deixou de andar de carro. Por que não fazer o mesmo com as [demais] armas? Ao menos assim, com uma relativa conscientização do que representa uma arma de fogo e dos perigos que ela traz, os babacas pensariam duas vezes antes de sacar uma arma no meio de uma briga de bar.

Obs.: Foi o Ian quem sugeriu que eu falasse sobre isso aqui no blog. 😛

Romance

A idéia era escrever um romance bobo, estilo água com açúcar… e ficou uma droga mesmo 😛

Sonhos adolescentes (título provisório)

Desde que chegou à festa, Maria não parava de olhar para o João. E seu olhar parecia ser correspondido. Cada vez que disfarçava para olhá-lo (num disfarce suficiente para não parecer que o olhava, ao mesmo tempo que fosse perceptível que o via), notava que João meneava a cabeça, como se se esquivasse rapidamente, com medo de ser flagrado olhando a ser olhado. Por um instante, Maria chegou a crer que seus olhos se encontraram. Mas foi por uma fração tão ínfima de segundo que em seguida passou a crer tratar-se de ilusão.
A moça estava deslumbrante. Embora não fosse muito bonita, transbordavam-se os elogios. Maria estava com um lindo vestido de seda e tafetá azul, que ela mesma desenhara e costurara, contando com uma pequena ajuda de sua irmã mais nova para os ajustes do bordado. A irmã mais nova ficara em casa. O baile era restrito para maiores de idade. Maria sentia-se feliz por finalmente ter completado 18 anos. Sentia-se livre. Finalmente poderia penetrar no mundo dos adultos. Finalmente poderia observar João sem culpa. Poderia vê-lo a todo instante, poderia freqüentar os mesmos salões que ele. Vinham do mesmo nível social. Não sabiam, mas tinham os mesmos gostos para música e livros. Entretanto, João tinha o triplo de sua idade. Era o melhor amigo de seu pai.
Mas a jovem parecia desconsiderar esse detalhe. Amava-o, como nunca antes amara ninguém. Desejava-o, sem nem ao menos entender o que era ou de onde vinha esse desejo, a princípio puro e inocente, como tudo o que poderia vir da mente virgem de uma menina de 18 anos.
Quando começaram as músicas no salão, Maria afastou-se de suas amigas, de modo a ficar em um ponto estratégico, onde pudesse ser vista por João. João a notaria sozinha a um canto e correria para os seus braços. O plano era perfeito! De fato, João percebeu que Maria estava sozinha no meio da dança. E foi mais por cordialidade que qualquer outra coisa, em respeito à amizade de anos com seu pai, que João decidiu aproximar-se de Maria e convidá-la para dançar. Maria estava delirante. Durante a dança (meia dança, pois a música aproximava-se do final), esforçava-se por disfarçar seu nervosismo, engolia a seco toda vez que se achava prestes a suspirar e apertava firme as mãos de João quando suas pernas ameaçavam bambar. Perto do final da música, sentia que seu coração estava prestes a saltar-lhe pela boca, tamanho era o êxtase que vivia. Queria que aquele momento durasse para sempre! Era um sonho adolescente a se concretizar. Por fim, João despediu-se secamente, recomendando que Maria desse lembranças a seu pai. Maria entendeu a despedida como uma maneira disfarçada de dizer que também a amava, e que talvez tivesse intenções de pedir-lhe a mão a seu pai. E passou a amá-lo ainda mais.
Voltou para onde estavam as amigas. Mas recusou-se a contar o que o largo sorriso dos seus lábios cismava em querer denunciar. Parecia que Maria era cúmplice da confissão não proferida de João. Maria era também a única cúmplice de seus próprios pensamentos. A magia corria o risco de sumir se por um acaso alguém mais soubesse de sua paixão secreta por João. Amor escondido é mais divertido. Afinal, não era culpa de Maria que tudo o que fosse proibido acabasse por ser assim. Ela suspirava sem cessar. As amigas perguntavam. Maria não cedia. Por fim, para despistá-las, disse que suspirava por Jerônimo, seu vizinho irritante cheio de espinhas na cara. E, de tanto insistir na mentira, acabou virando verdade. Naquele instante, passou a ver o amigo com outros olhos. Chegou ao ponto de convidá-lo para dançar. Jerônimo recusou. Disse que Maria parecia uma amora estragada, num vestido estranho e tão cheio de panos quanto aquele. E então Maria esqueceu-se de João, e pôs-se a chorar.

Livros

Eu estava sentindo tamanha falta de ler por prazer, que logo que acabaram as provas mais difíceis engendrei uma maratona de leituras para colocar em dia tanta estória que tinha ficado pendente. Estes são os livros que concluí (dois deles já havia começado antes) entre a tarde de sexta-feira e a manhã de segunda:

Vigiar e Punir, de Michel Foucault
Foucault empreende uma verdadeira expedição ao passado das condenações penais, traçando uma linha evolutiva desde os grandes suplícios da Idade Média (com descrições pormenorizadas de pessoas sendo desmembradas por cavalos atados a seus braços e pernas), até chegar à noção relativamente moderna de proporcionalidade e individualização das penas. Ele também fala da idéia do Panóptico, de Jeremy Bentham (um prédio em forma redonda, quadrada, estrelar ou pentagonal, com uma torre de observação no meio e com todas as celas voltadas a ela, de modo que um vigia na torre possa ver a todos, mas ninguém possa ver o vigia, e que também não permita que todos se vejam entre si). E no fim conclui, de forma irônica e questionadora, que de certa forma vivemos em uma sociedade panóptica, onde o encarceramento se torna onipresete: do nascimento até à velhice nos submetemos a ele (creche, escola, hospital, prisões, oficinas de trabalho; de certa forma, todas essas instituições se baseiam na hierarquia e na disciplina). “Não admira, pois, que numa proporção considerável, a biografia dos condenados passe por todos esses mecanismos e estabelecimentos dos quais fingimos crer que se destinavam a evitar a prisão.
Devemos ainda nos admirar que a prisão se pareça com as fábricas, com as escolas, com os quartéis, com os hospitais, e todos se pareçam com as prisões?
Livro: Vigiar e Punir
Autor: Michel Foucault
Petrópolis, Editora Vozes, 1996

A Metamorfose, de Franz Kafka
Clássico da literatura mundial do escritor checo Franz Kafka, Metamorfose tem uma das frases de abertura mais bem escritas da história: “Quando certa manhã Gregor Samsa despertou, depois de uma noite mal dormida, achou-se em sua cama transformado em um monstruoso inseto“. A obra é curta, a linguagem é simples, e o leitor acompanha de forma direta e impactante a sinistra transformação de um pacato caixeiro-viajante (Gregor Samsa) em uma repugnante barata, simbolizando uma generalizada incompreensão do mundo.
E a edição que li (Martin Claret, da coleção “A Obra-Prima de cada autor) vem com um adendo especial: a pedido da Folha, 18 escritores foram solicitados a reescrever o começo da obra. Há idéias bastante interessantes — mas nenhuma supera o original 😛

Mentiras que parecem verdades, de Umberto Eco e Marisa Bonazzi
Peguei este livro na biblioteca seguindo sugestão da Alessa que estava em busca de livros “viajantes”. Em Mentiras que parecem verdades, Eco e Bonazzi fazem uma seleção bastante irônica de textos extraídos de livros didáticos italianos. Como o próprio autor alerta na introdução geral da obra, os trechos não estão aí para fazer rir (embora o riso seja inevitável), e sim para despertar no leitor, eventual professor ou pai de aluno em idade escolar (público-alvo) a consciência do que seu filho anda “aprendendo” na escola. Os textos são agrupados segundo eixos temáticos (escola, dinheiro, pobres, etc.) e cada capítulo começa com uma introdução, expondo em termos gerais como o livro didático costuma tratar cada assunto. Cada excerto vem acompanhado ora de um título irônico, ora de comentários posteriores sarcásticos (ou de ambos :P).
Como é exposto na introdução do capítulo final sobre Caridade: “Num mundo no qual os ricos são ricos e os pobres são pobres (mas felizes) a única forma de justiça social é dada pela caridade.” O capítulo sobre a Família traz tiradas impagáveis, apontando as “lições” que se pode tirar de cada fragmento de texto analisado.
O livro abre caminho para reflexão. O que as crianças do Brasil e do mundo andam lendo em sua fase de alfabetização na escola? Devemos prestar mais atenção nesses “inocentes” textinhos, que na maior parte das vezes cada aluno lê uma frase até o ponto, mas pega da oitiva de todos o sentido geral. Essas crianças estão se tornando serezinhos passivos, educados para aceitar o mundo como ele é (o pobre é pobre, mas é feliz; a poluição existe, é ruim, mas temos mais é que aceitá-la…), com todos seus preconceitos e anacronismos.
E mesmo assim, a gente tem tanta saudade da infância, como pode? Éramos educados para sermos acríticos, e, num paradoxo sem sentido, nossos brinquedos, ao invés de divertir, apenas nos ensinavam a viver no mundo dos adultos. É hora de repensar o ensino e a diversão das crianças…
Livro: Mentiras que parecem verdades
Autor: Umberto Eco e Marisa Bonazzi
São Paulo, Summus, 1980

Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes
Barthes descreve muito bem aquilo que parecia ser indescritível: o amor. Organizado como uma espécie de dicionário do amor, o discurso amoroso é apresentado em
ordem alfabética, de A, de Abismar-se até o V, de Verdade. O autor usa exemplos de autores como Goethe (e sua obra sobre o jovem Werther), Proust, Platão (O Banquete), entre outros.
Roland Barthes, filósofo, semiólogo, lingüista e ensaísta francês, se dispõe a defender o discurso amoroso, alegando que “Este discurso talvez seja falado por milhares de pessoas (quem sabe?), mas não é sustentado por ninguém.” Em cada verbete, ele consegue passar para o papel as angústias mais veementes de um coração apaixonado, e nos faz refletir acerca de coisas banais, como a espera de um telefonema (ou a dúvida quanto a ligar ou não) e o ciúme inexplicável que sentimos a ver um terceiro falando do nosso ser amado. É um livro para quem ama poder amar ainda mais. Para quem amou sentir saudades e querer amar de novo. E para quem anda desacreditado no amor, para que queira um dia voltar a amar, mas que não se contente com qualquer amor, e sim procure um amor ao menos parecido com aquele descrito por Roland Barthes no livro.
É particularmente interessante a descrição dada pela parte introdutória do capítulo sobre o Porquê: “Ao mesmo tempo em que se pergunta obsessivamente por que não é amado, o sujeito apaixonado vive na crença de que na verdade o objeto amado o ama, mas não o diz.” E, nessa eterna dúvida de amar e ser amado, as relações de amor acabam por serem regidas. Qualquer certeza, por mais vaga que fosse, destruiria por completo a magia do falar de amor.
Livro: Fragmentos de um Discurso Amoroso
Autor: Roland Barthes
Rio de Janeiro, Francisco Alves, 2000

Cem Anos de Solidão, de Gab
riel García Márquez
Achei que ia levar 100 anos para terminar de ler este livro 😛 Mas consegui terminá-lo em bem menos tempo. Ganhei de presente de aniversário (mês passado) da Car0li, e desde então vinha lendo em doses homeopáticas, como numa tentativa vã de querer chegar ao final o mais rápido possível, ao mesmo tempo que sabotava a leitura, de modo a poder obter prazer dela até o último resquício. É uma história muito bem contada por García Márquez, descrevendo em um mundo ao mesmo tempo real e fantástico a saga de uma estirpe condenada a permanecer por 100 anos de solidão sobre a face da Terra. Não há como descrever a saga de Aureliano Buendía e de seus inúmeros descedentes, nos arredores da pequena cidade de Macondo. Cem Anos de Solidão é literatura para ler a pequenas doses, curtindo cada palavra, cada adjetivo, cada mudança brusca de sentido operada em cada frasesinha do romance. É para beber feito vinho. Para regurgitar feito sonho. E propagar como lenha na fogueira (ou seria feito fogo na lenheira? :P)
Levei umas 50 páginas para me acostumar com a leitura da obra, cujas frases geralmente começam falando de uma coisa, e terminam tratando de outra, completamente diferente. Mas vale a pena.
Curiosidade inútil: diz na orelha do livro que Gabriel García Márquez decidiu ser escritor após ler a primeira frase de “A Metamorfose”, de Franz Kafka 🙂

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Dica de site: StumbleUpon.com

O StumbleUpon.com é mais um fruto da velha [?!] moda de sites de redes sociais (tipo Orkut, Gazzag, Multiply, WAYN, e mais uma penca de outras variantes dentro do mesmo tema). Nele, você cria um perfil, como em todos os outros. Você participa de grupos de discussão, como em todos os outros. Adiciona amigos, como em todos os outros. Mas há um diferencial: o StumbleUpon tem por objetivo reunir endereços de sites interessantes, e permitir que você possa compartilhá-los.

to stumble upon achar por acaso, topar com. (Dicionário Michaelis)

A idéia é simples. Primeiro, você faz o download de uma barrinha que fica acoplada ao seu navegador. Depois, cadastra-se. A seguir, preenche uma lista com seus interesses. E, a partir daí, pode começar a indicar os sites que você visita e gosta (inclusive com a possibilidade de deixar comentários a respeito deles!), e, nos momentos de tédio, é só apertar o botãozinho “Stumble” da barrinha e cair em um site que você nunca viu antes, mas que você provavelmente vai adorar, porque ele foi escolhido de acordo com a sua lista de interesses e com aquilo que seus amigos andaram visitando e indicando para você visitar. Com um clique na barrinha, você pode avaliar qualquer site (dizendo se gostou ou não), e basta outro clique para incluir também um comentário a respeito do que viu. Seus comentários ficam armazenados em sua página pessoal no site, e qualquer um pode ver o tipo de coisa que você andou visitando e comentando ultimamente. Parece meio viajante, mas é legal. E como a idéia principal parece ser a de compartilhar sites, só vai ter um bom estoque de sites brasileiros se as pessoas do Brasil participarem 😛
Outro aspecto legal do site é que você não precisa procurar por comunidades e fóruns de discussão: é o próprio site que te sugere grupos para entrar, com base nas informações prestadas no perfil e nos interesses (quero ver o Orkut fazendo isso também…)
Para que perder tempo visitando sempre os mesmos sites, se você pode inovar e conhecer coisas novas? 🙂

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Lições fundamentais de “A Fantástica Fábrica de Chocolates”

1. Barras de cereais são feitas com casquinhas de lápis (é muito mais saudável comer chocolate, oras!)
2. Todo pobre é feliz
3. Toda casa pobre precisa ser torta (do contrário, como diferenciá-la das demais casas?)
4. Willy Wonka pode quebrar o teto da sua casa ao pousar com seu elevador de vidro, e você até ficará feliz de ter de consertá-lo no dia seguinte, só porque foi Willy Wonka quem quebrou
5. Toda criança rica é fútil
6. Toda criança gorda gosta de chocolates
7. Mesmo que você não goste de chocolates, poderá se interessar por um passeio numa fábrica de chocolates
8. Se você encontrar dinheiro na rua, gaste-o com chocolates (afinal, quem hoje em dia ainda se sentiria culpado por isso?)
9. Ninguém irá se perguntar com que dinheiro você comprou uma barra de chocolates, desde que ela venha com o bilhete dourado dentro
10. “Agora que minha família tem mais dinheiro, vou trabalhar como engraxate”
11. Para que ir à escola se você vai herdar uma fábrica de chocolates mesmo?
12. É possível ter pesadelos com Johnny Depp
13. Sua família precisa de dinheiro, mas mesmo assim você ainda pode recusar ser dono da maior fábrica de chocolates do mundo
14. Não há problema nenhum em ficar entalado dentro de um tubo de chocolates, desde que os oompa loompas estejam cantando ao redor (coisa, aliás, que acontece muito raramente, e ao invés de se preocupar com ver seu filho entalado com chocolate, você deveria ficar feliz pelos homenzinhos estarem cantando!!)
15. Chocolate é fluido como a água.
16. Algodão doce é feito da lã de ovelhinhas rosas (e devem existir também ovelhinhas azuis, ovelhinhas amarelas, enfim, uma ovelhinha de cada cor do arco-íris!!!).
17. É justificável escravizar/colonizar um povo só porque ele vive em uma floresta com insetos gigantes e se alimenta de larvas verdes (e quem se importa que eles de fato gostem das tais larvas?)
18. É possível fazer sopa de repolho (isso é interessante :P)
19. Você pode mascar o mesmo chiclete por 3 meses (é só guardá-lo atrás da orelha na hora das refeições!)
20. É possível crescer sendo esticado como um caramelo.
21. O filme não poderia ser exibido na Índia – há uma vaca sendo “espancada”, para fazer chantilly.
22. A curiosidade pode te deixar azul, redondo, sujo de lixo, esticado ou coberto de chocolates.
23. Se você for uma criança passiva, quieta e pobre, você poderá ganhar uma fábrica de chocolates de presente.
24. Oompa loompas não falam, mas cantam.
25. Coma grama.
26. É possível fazer da exceção a regra
27. As pessoas não envelhecem.
28. Quem come chocolates tem os dentes perfeitos (desde que não passe fio dental)
29. Botar fogo em bonecos é divertido.
30. Comer amoras azuis te deixa azul, redondo e imenso.

Não leve a sério esta lista. Eu gostei do filme. É sério. Só fiquei com pena das criancinhas inocentes que também estavam assistindo (mas não tive pena dos dois menininhos inoportunos que estavam do meu lado e contavam tudo o que ia acontecer no começo de cada cena… esses merecem cair no ralo de lixo da sala dos esquilos!).

Obs.: O site oficial do filme é bem legal.

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Fim das provas

Estou me sentindo bem mais leve. Sobrevivi a 8 provas nas últimas semanas (falta só a de Perspectiva Ético-antropológica, perdida na semana que vem).
Ontem foi a cruel-el-el prova de Foto II. Sabe quando você, ingenuamente, estuda tudo aquilo que não cai? E a matéria que cai são aqueles detalhes sórdidos que você nunca se lembra de Foto I? Ah, enfim. Confesso que subestimei a prova de ontem (passei a tarde inteira estudando para Direito Constitucional, a prova de hoje), mas também não entendo qual a relevância prática em se saber que a temperatura de 11.000K corresponde à cor azul escuro. Também não sabia como distinguir um filme negativo de um filme positivo (na verdade eu nem me lembrava que existiam filmes positivos!), e minha vida não seria menos feliz se eu não soubesse que o filme positivo tem aplicação publicitária. Acho que foram essas as questões que errei. Grrr. Tá, mas a culpa é minha (:P). Da próxima vez estudo mais 🙂
Na prova de Constitucional de hoje eu senti que sabia responder tudo. Mas provavelmente o professor vai encontrar várias brechas nas respostas dos alunos e retirar pontos de tudo quanto é jeito. Ao menos nota acima da média (7,0) eu garanto.

Recebi a nota de Teoria da Comunicação na quarta-feira, com um misto de frustração e bom humor. Sabe quando você sai de uma prova sabendo que vai tirar 10, não por ter dado respostas incríveis às perguntas, mas apenas por não ter errado nada; por ter simplesmente repetido mecanicamente aquilo que o professor disse em sala de aula. Então o 10 serviu não para provar que sou uma boa aluna, mas para provar que, no máximo, sou uma boa ouvinte. Dei até os mesmos exemplos! Isso é terrível. E me senti ainda pior com o professor dizendo que as pessoas apenas se limitaram a responder, mesmo tendo capacidade de ir além. Senti-me incluída nessa categoria. A meta para a próxima prova é ser mais crítica. É responder algo similar mas diverso do que foi visto em aula. É inovar. Não basta repetir, é preciso também reproduzir conhecimentos.

Semana que vem: 40ª Semana Acadêmica de Estudos Jurídicos e Sociais – Direito em Reforma ou a Reforma do Direito?eu vou!! 🙂 É bom sair da rotina. Nada de aulas chatas durante uma semana. Nada de preocupação com notas, trabalhos. Nada de fumaças de cachimbo atrapalhando a respiração. Nada de dúvida quanto a se vai ter aula. Nada de aula: palestras.

E o melhor de tudo é que, com o fim das provas, posso retomar minhas leituras diárias 🙂 Estou no finzinho de Vigiar e Punir (do Michel Foucault), comecei a ler A Metamorfose (Franz Kafka) e depois tenho de me decidir se termino Cem Anos de Solidão (Gabriel García Márquez) ou se começo 1984 (George Orwell). É tão bom ter poder de escolha 😀

Frangos

Da Zero Hora de hoje (23/09/05):

Dez horas na fila
O trânsito na estrada que liga Passo Fundo a Lagoa Vermelha (BR-285), em Criríaco, ficou interrompido ontem por 10 horas. Uma carreta que levava frangos congelados tombou às 8h ao ser atingida por um caminhão que transportava frangos vivos. Enquanto os caminhões não eram retirados, o congestionamento chegou a cinco quilômetros.

Definitivamente, os opostos se atraem… 😛

O crucifixo e a corrupção

Leitura prévia: reportagem sobre a proposta de um juiz gaúcho de se retirar os crucifixos dos tribunais.

A respeito dos argumentos utilizados no artigo “O crucifixo e a democracia“, da ZH de 20/09/05, ao menos um deles é falacioso. Está certo que uma pesquisa realizada por uma revista de circulação nacional tenha relatado que 99% dos brasileiros crêem em um deus, e isso é suficiente para legitimar a invocação divina no preâmbulo constitucional. Mas é importante verificar também o quanto desse total, além de crer em um deus cristão, seja de um credo que tenha por prerrogativa a adoração de imagens. Pode ser que eu acredite em um deus, mas isso não quer dizer que a imagem de um crucifixo necessariamente signifique algo para mim. E é aí que reside a controvérsia.
Não é o caso de instaurar o caos no país, propondo a eliminação total de crucifixos das salas de audiência, ou a abolição dos feriados religiosos nacionais. Seria oportuno, talvez, repensar o papel de um crucifixo. Será que as pessoas de outros credos (ou sem credo) realmente sentem-se intimidadas diante de um crucifixo numa sala de audiência? Ou não seria mera questão de significação: se o crucifixo não significa nada para mim, tanto faz a presença dele ou não em um órgão público. Posso não acreditar nas autoridades judiciais. E, nesse caso, a presença delas no julgamento não fará qualquer diferença na hora de prestar um depoimento.
Assim, não há por que exagerar e dizer que a proposta de retirada do símbolo do cristianismo dos espaços públicos seja um “sutil ataque a nossa débil democracia já tão golpeada“. É simplesmente uma questão tão irrelevante quanto discutir se a cor do sabonete do banheiro do Congresso pode influenciar na tomada de decisões. Há maiores preocupações que merecem a atenção nacional no momento. Deixemos a questão do crucifixo para tempos de “paz”.
Mesmo assim, não deixa de ser interessante notar como a instabilidade nacional é tanta que um mero assunto pontual acabe chamando a atenção da mídia, gerando discussão e opiniões contraditórias, a ponto de o referido advogado ter afirmado que “o ataque ao crucifixo é um insulto a este povo e a esta sociedade que legitimam o poder.” Talvez o ataque não seja tão insultante. Mas esteja sendo encarado como tal por conta da instabilidade no país. Falar dele é uma excelente válvula de escape para quem anda cansado de falar sobre os escândalos maiores do poder. Se a questão do crucifixo é um afronta à sociedade, o que dizer então da corrupção deflagrada que tem ocorrido a nível nacional?